Publicado em Sexta, 29 Agosto
2014 19:50
Na
última semana, a CNTE convocou sua categoria para participar do debate
eleitoral em curso no país. O convite se deve ao fato de lidarmos, diariamente,
com jovens, adultos e responsáveis por milhares de crianças que muitas vezes
não dispõem de informações sobre as plataformas de cada candidato, seja à
Presidência, seja ao Executivo estadual, e também aos parlamentos federal e
estaduais. De modo que a presença dos/as professores/as e dos/as
funcionários/as da educação nos 5.570 municípios do país é indispensável para
ajudar a esclarecer a sociedade sobre as políticas que interferem no emprego,
na renda, nas áreas sociais e, consequentemente, na qualidade de vida da
população, a exemplo da temática de independência do Banco Central que adentrou
a campanha presidencial.
Conforme
anunciado amplamente pela imprensa, os candidatos Aécio Neves e Marina Silva já
se manifestaram favoráveis à independência do Banco Central, o que favorece
somente os rentistas, em prejuízo do país e da classe trabalhadora.
A
política economia no Brasil ainda se ancora - a contragosto dos trabalhadores -
no superávit primário, nas metas inflacionárias e no dólar flutuante - o
chamado tripé macroeconômico. Pela cartilha neoliberal, o controle da inflação,
invariavelmente, deve ocorrer pela contenção dos gastos correntes do governo
(arrocho salarial) e pelo aumento da taxa básica de juros (Selic). E qualquer
uma dessas políticas de austeridade, mesmo quando tomadas de forma
independente, impactam negativamente a economia formal, aumentando o desemprego
e diminuindo a renda dos trabalhadores, quando não, cortando “gastos” sociais.
Atualmente,
o governo federal detém a prerrogativa expandir seus investimentos e gastos
correntes, inclusive de custeio da máquina pública, e a interlocução com o Banco
Central visa estabelecer taxas básicas de juros em patamares que não
comprometam o mercado de trabalho, especialmente neste momento de crise
internacional. Assim, tem se optado pela continuidade do processo de
distribuição da renda com garantia do emprego.
Com
a autonomia do Banco Central, o Governo não mais poderá interferir sobre os
juros, que ficarão exclusivamente à mercê do mercado financeiro, expondo o país
aos interesses da classe social mais abastada (banqueiros) e comprometendo a
política expansionista do emprego e da renda. Lembremos que juros altos
beneficiam rentistas e aniquilam o emprego, além de fazer crescer a dívida
pública. Ou seja: a proposta de Banco Central independente se assemelha à
condição da raposa que toma conta do galinheiro!
Em
tempo: dados do DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos comprovam que 93% das categorias de trabalhadores no Brasil
tiveram aumento de salário acima da inflação neste primeiro semestre de 2014. E
isso revela que os trabalhadores, neste momento de menor desemprego da história
do país, estão mais fortes que os patrões nas mesas de negociações. Contudo,
com o aumento do desemprego - que certamente ocorre através de juros ao sabor
de um Banco Central independente - essa realidade mudará e os patrões voltarão
a explorar ainda mais a mão de obra assalariada.
A
CNTE entende que, ao anunciar suas propostas, os candidatos precisam explicar
as razões e as consequências das mesmas, pois política pública é feita com
intencionalidades. E um Banco Central independente visa ampliar o poder do
sistema financeiro sobre a economia nacional, fragilizando a produção, o
emprego e a renda dos trabalhadores. Portanto, quem opta por essa política,
definitivamente, não está do lado dos trabalhadores.
Fonte:
http://cnte.org.br/index.php/comunicacao/cnte-informa/1428-cnte-informa-695-29-de-agosto-de-2014/13872-trabalhador-e-contra-banco-central-independente.html
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