De grande novidade a ruína: a saga de Zema.
Com forte apelo na antipolítica mas filiado ao Partido Novo, a população mineira exercendo seu direito de voto comprou a proposta de um governo que era contra tudo que fosse público e favorável a uma gestão empresarial tida como moderna.
Mas na vida pública e na administração pública as regras são muito claras e quem está no serviço público e quem acompanha a política em Minas Gerais sabe que as lideranças mineiras sempre ocuparam lugar de destaque na política nacional e fizeram o estado ter um peso na vida política do país.
Zema negou a trajetória mineira. Se tornou subserviente ao governo federal e não jogou o peso do Estado para cobrar as perdas da Lei Kandir.
Zema a aliou aos antigos aliados de Aécio. Desdenhou a oposição e subjulgou a força do funcionalismo público.
Zema também desdenhou a permanente queda das Commodities preferiu entrar na saga neoliberal para vender a baixo preço empresas como a Cemig e a Copasa (que são lucrativas).
Na aventura de resolver os problemas do Estado, que não começaram com o PT de Pimentel, mas com os acordos feitos entre Azeredo e FHC e com as perdas da Lei Kandir, propôs vender os lucros futuros no nióbio, que também não se concretizou.
Então, se me perguntam "o que faltou ao governo Zema"? Eu respondo: humildade, gerência, conhecimento da máquina pública e falta de habilidade política, típica dos políticos mineiros.
Seu projeto de Reforma da Previdência defende publicamente o aumento da alíquota previdenciária. Não permitiremos mais este saque aos trabalhadores em educação. O RRF, por sua vez, significa o congelamento de salários e carreiras, a privatização total de estatais e serviços, inclusive, saúde e educação, e a não realização de concursos, tudo isso, por seis anos. Enquanto isso, a dívida de Minas Gerais permanecerá crescendo em função dos juros que não serão congelados, o que significa que ao f im deste período teremos uma situação fiscal muito pior.
O governo Zema terá passado, mas nós, servidores públicos, continuaremos aqui.
Hoje o governo Zema sangra e será ruim para todos os mineiros.
Perda de direção.
O deputado federal Bilac Pinto (DEM), que ocupava o cargo de Secretário de Governo na gestão de Romeu Zema (Novo), anunciou sua saída ao posto na noite desta quarta-feira (11), pouco tempo após o anúncio oficial do Governo de Minas, que decidiu sancionar parcialmente o projeto de lei que trata da recomposição salarial para as Forças de Segurança Pública.
Bilac é um dos nomes que, juntamente com Zema, se esforçou nas negociações de reajustes. Em nota, o parlamentar afirmou que, mesmo compreendendo as razões de Zema, tornou-se insustentável continuar a conduzir as negociações com o parlamento estadual após a decisão do governo.
Perda de apoio interno
O vice-governador Paulo Brant anunciou na noite desta quarta-feira (11) que está deixando o partido Novo. Segundo Brant, o Novo tem escolhido manter-se à margem das coalizões, "deixando em segundo plano as exigências da responsabilidade política que priorizam a governabilidade".
Recentemente, o projeto do governador Romeu Zema para reajuste dos servidores da Segurança Pública foi questionado pelo próprio Novo no Supremo Tribunal Federal (STF), onde o partido pediu a suspensão de reajustes ao funcionalismo em estados e municípios com base na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Crise com a Assembleia
Nos bastidores, a leitura dos deputados é que o Partido Novo está "se fechando em si". Os aliados de Zema também não gostaram de ver o chefe do Executivo estadual voltando atrás numa decisão tomada pelo próprio governo no que diz respeito ao reajuste da segurança pública. Nesta quarta-feira (11), Zema anunciou que iria vetar a recomposição para os anos de 2021 e 2022, que já havia sido acordada com a categoria.
Outro ponto que causou indignação entre os parlamentares, segundo informações de bastidores, foi o fato de as mudanças não terem sequer sido comunicadas à base de Zema na ALMG. Muitos deputados estão sabendo dos fatos pela imprensa. O sentimento, segundo relatos, é de que o governo de Zema está construindo muros entre seus próprios aliados e, com isso, caminhando para perder totalmente a governabilidade.
Um dos sinais de insatisfação pôde ser visto na tarde desta quarta-feira. O líder do bloco de governo na ALMG, Gustavo Valadares, afirmou que o dia 11 de março seria "o início do fim". "11 de Março de 2020! Guardem esse dia! O início do fim... as oportunidades apareceram e ele não soube aproveitar. Ao invés de escancarar a porta a possíveis novos aliados ele está acabando de fechar a pequena fresta...será bem difícil ficar", disparou o parlamentar, sem dar mais detalhes.
Por meio de nota, Gustavo Valadares afirmou que o bloco governista marcou uma reunião para o início da próxima semana - provavelmente na terça-feira (17) - "para tratarmos, com o mesmo senso de realidade e de compromisso, do caminho que iremos tomar em relação ao Bloco de Governo. Minas e os mineiros estão e sempre estarão em primeiro lugar", diz o comunicado
Problemas do governo Zema
⛔ Ausência de diálogo com os servidores públicos: falta de diálogo do governador não propicia uma negociação, de fato, e só aprofunda o sucateamento da educação pública.
⛔ Cargos comissionados da Secretaria de Saúde simplesmente abandoram os cargos por falta de uma política do governo Zema para o setor.
⛔ Sistema de matrícula online que não funciona.
⛔ Os atrasos e parcelamento dos salários da maioria do funcionalismo ainda continuam.
⛔ Descumprimento da lei estadual e da lei federal que trata do Piso Salarial do Magistério.
⛔ Descumprimento da promessa de mil novas nomeações para concurso vigente.
⛔ Problemas no processo de designação. Demora na liberação das vagas e mal funcionamento do SIMADE.
⛔ Falta de transparência no processo de remoção e de mudança de lotação.
⛔ Sempre que questionada a respeito do pagamento de férias-prêmio, a SEE/MG afirma que uma decisão precisa ser tomada em conjunto com a Secretaria de Estado da Fazenda (SEF) e a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), e não tem previsão sobre a quitação completa com as trabalhadores/as em educação.
⛔ Redução das turmas de EJA, de Tempo Integral e da Educação Profissional.
Com tudo isso, não tinha como dar certo.