Desde sempre a posição da Revista
Veja tem sido de ataque a esquerda, aos movimentos sociais, a CUT e, em
especial, ao Partido dos Trabalhadores. Seu leão de chácara é o colunista
Reinaldo Azevedo, que absurdamente, sem conhecer a realidade da educação
mineira e dos trabalhadores em Educação de Minas Gerais resolveu menosprezar a
história de 35 anos do Sind-UTE e da diversidade política que ele representa.
Porque o
ódio de Reinaldo Azevedo e de Veja contra os Trabalhadores em Educação de Minas
Gerais?
O Sind-UTE é o maior sindicato de
funcionários públicos de Minas Gerais e desde sempre esteve ao lado dos
trabalhadores.
A questão é, que na pressa em
defender o PSDB e o grupo de Aécio Neves, e preservar Geraldo Alckimin e Beto
Richa, governadores tucanos de São Paulo e do Paraná, respectivamente, é uma
forma clara, objetiva e sólida de fazer seus seguidores de esquecer o massacre
de 29 de Abril de 2015. Massacre brutal aos professores do Paraná e ainda de se
esquecer da truculência da polícia paulista aos trabalhadores em greve na Assembleia
Legislativa de São Paulo.
Sobre esses episódios A Veja, A
Folha e o UOL, que são carro chefe da manutenção do poder econômico dos CIVITA,
não fez nenhuma crítica, aliás, se prestou em defender os governos tucanos
partidarizando a luta dos trabalhadores de forma superficial e, do ponto de
vista da política, as análises chegaram a ser recheadas de expressão do senso
comum, típico dos leitores e seguidores de Veja.
Todos sabemos que o Grupo Abril
passa por sérias dificuldades econômicas, ainda em março de 2015, a Abril
Educação, foi vendida para a Thunnus Participações, sociedade detida por fundos
de investimentos geridos pela Tarpon Investimentos, num negócio de cerca de R$
1,3 bilhão de reais.
Só para que vocês entendam, criada
em 2007 como um braço do Grupo Abril, a Abril Educação passou a atuar
separadamente da Abril S.A. no início de 2010 e tem capital aberto com ações
negociadas na Bovespa. Fazem parte da companhia as editoras Ática e Scipione,
os sistemas de ensino Anglo, Ser, Maxi e GEO, o Siga (focado na preparação para
concursos públicos), o Curso, o Colégio pH, o Centro Educacional Sigma, o Grupo
ETB (Escolas Técnicas do Brasil), a Escola Satélite, a rede de escolas de
inglês Red Balloon e a Livemocha, ensino de idiomas e ainda a Wise Up.
A crise anunciada do Grupo Abril,
apesar do enriquecimento da família CIVITA, começou com uma caça às bruxas em
articulistas considerados de esquerda e seu estreitamento econômico com o
governo do estado de São Paulo, que tem sido o sustentáculo do grupo.
A saída do grupo foi se vender aos
governos, em especial os PSDB de São Paulo.
Concomitante a isso, em 2006, 30%
do capital da Abril fora vendido ao grupo sul-africano Naspers, empresa com quase um século de tradição e faturamento
anual de 2 bilhões de dólares. O grupo investiu 422 milhões de dólares. Esses sócios da Abril editam jornais,
revistas, operam canais de televisão paga e são agressivos em internet no
próprio país e em empreendimentos na China, Rússia, Índia, Grécia, Chipre e
Tailândia.
Só para que entendam, a Naspers tem
sua origem em 1915, quando surgiu com o nome de Nasionale Pers, um grupo
nacionalista africâner (a denominação dos sul-africanos de origem holandesa,
também conhecidos como bôeres, que foram derrotados pela Grã-Bretanha na guerra
que terminou em 1902). Este agrupamento lançou o jornal diário Die Burger, que
até hoje é líder de mercado no país. Durante décadas, o grupo, que passou a
editar revistas e livros, esteve estreitamente vinculado ao Partido Nacional, a
organização partidária das elites africâneres que legalizou o detestável e
criminoso regime do apartheid no pós-Segunda Guerra Mundial. A opção editorial
elitista de Veja ganhou tons do apartheid sul-africano.
A Editora Abril possui relações com
instituições financeiras como o Banco Safra e a norte-americana JP Morgan -- a
mesma que calcula o chamado 'risco-país', índice que designa o risco que os
investidores correm quando investem no Brasil. Em outras palavras, ela expressa
a percepção do investidor estrangeiro sobre a capacidade deste país 'honrar' os
seus compromissos.
De 2004 a 2008 foram pagos perto de
R$ 250 milhões à Abril – editora responsável pela revista Veja -, Folha, Estadão,
Globo/Fundação Roberto Marinho. A maioria sem licitação.
Como diz o jornalista Paulo
Henrique Amorin, editor do site ‘Conversa Afiada’, “a direita sabe cuidar de si
mesma”.
Em abril de 2013, o governador
Geraldo Alckmin (PSDB) distribuiu quase R$ 4 milhões em assinaturas da Veja,
Folha e Estadão. Tudo sem licitação. No detalhamento denunciado na época, foram
15.600 assinaturas, dos jornais “Folha de São Paulo” e “O Estado de São Paulo”,
e para Veja foram 5.200 assinaturas de cada publicação, por seis meses,
totalizando o valor de R$ 3.778.840,00 os três contratos.
A venda dos negócios na área
educacional – tida como a principal fonte de sustentação das revistas do grupo
- é visto como mais um passo no processo de enxugamento que vem sendo
implementado desde a morte do empresário Roberto Civita, em maio de 2013.
Desde então a empresa fechou
diversas revistas, vendeu as frequências da MTV, além de transferir dez títulos
para a Editora Caras.
Num levantamento feito pelo site “Viomundo”
de 2010 a 2014, fica mais clara a compreensão dos motivos da defesa da Veja dos
governos tucanos.
O PSDB é a fonte dos salários dos
blogueiros e dos articulistas de Veja, logo, fica claro que como empregados,
escrevem o que os seus
patrões mandam.
A
aquisição, sem licitação de jornais e de revistas, aumentaram e como era de se
esperar, os valores aumentaram muito:
1.
Editora Abril: SAI de R$
52.014.101,20 > AUMENTA para R$ 81.759.111,73 (= 57%)
2.
Folha e Estadão juntos: SAEM de R$10.546.769,60 > AUMENTAM para R$
27.199.529,20 (= 157%)
3.
Revista Isto É: SAI de R$
2.464.178,00 > AUMENTA para R$ 5.010.792,20 (= 103%)
4.
Revista Época e Galileu: SAEM de R$ 4.311.752,56
–> AUMENTAM para R$ 8.357.854,76 (= 93%)
–> AUMENTAM para R$ 8.357.854,76 (= 93%)
5.
Revistas Mônica, Cascão e Mônica Jovem: SAEM de R$ 26.789.290,28 –> AUMENTAM para R$
33.200.855,48 (= 24%)
A crise do Grupo Abril se agravou ainda
em 2013, com a morte de Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, a família
entrou num conflito judicial pelo espólio e herança do fundador. O sinal de
um possível litígio foi a petição apresentada pelos três filhos biológicos – e
obtida com exclusividade pelo site Brasil247 – para que o inventário tramitasse
em segredo de Justiça. Ela foi apresentada pelo primogênito Giancarlo, na 12a
Vara de Família, de São Paulo, em 25 de junho (leia aqui). Giancarlo pede o
segredo de Justiça alegando que o caso trataria de questões de cunho
"pessoal e patrimonial" do pai.
Assim, não esperamos que o Grupo
Abril e seus folhetins diários ou semanais queiram, de fato, entender o
processo de luta dos trabalhadores em educação.
A opção de Reinaldo Azevedo, então,
é pela mentira. Mentira grosseira e cheia de falta de conhecimento de realidade
de um cidadão que vive na marginal do rio Tietê, de onde, com um clique
continua a disseminar ódio assegurando seu posto de porta voz da elite
brasileira. Esse senhor prima pelo desconhecimento físico das escolas e da
realidade salarial e psicossocial dos alunos e dos trabalhadores em educação de
Minas Gerais.
Veja acabou se transformando num
depósito do pensamento ultradireitista de Olavo de Carvalho, nela representado
por nomes como Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Felipe Moura Brasil e Lobão,
para citar uns poucos entre tantos.
Fato é que esse grupo defende
liberdade de expressão e imprensa. Mas defende a sua liberdade e a sua forma de
fazer imprensa. Não defende o direito a comunicação e a expressão, porque se
assim o fosse, numa declaração dessas, o Sind-UTE e os trabalhadores em
educação de Minas Gerais teriam o mesmo espaço para o seu direito de resposta,
coisa que a mídia brasileira repudia em nome da liberdade e em detrimento do
direito daqueles que, cotidianamente, são atacados por ela.
O ódio de Reinaldo Azevedo e de
Veja se explica: precisam justificar seus salários expressando a ideologia
patronal e da elite branca, ruralista – industrial – empresarial, do estado de
São Paulo que precisa reafirmar ditando padrões de pensamento e de
comportamento.
Eu cancelei minha assinatura da
Veja e da Folha e de todas as revistas do grupo Abril faz mais de 8 anos. Quer
continuar na defesa dos nossos direitos e repudiar as declarações de Veja? Faça
o mesmo.
Para saber mais...
O mercado de mídia no Brasil é
dominado por um punhado de magnatas e famílias.
Na indústria televisiva, três deles
têm maior peso: a família Marinho (dona da Rede Globo, que tem 38,7% do
mercado), o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus Edir Macedo (maior
acionista da Rede Record, que detém 16,2% do mercado) e Silvio Santos (dono do
SBT, 13,4% do mercado).
A família Marinho também é
proprietária de emissoras de rádio, jornais e revistas – campo em que concorre
com Roberto Civita, que controla o Grupo Abril (ambos detêm cerca de 60% do
mercado editorial).
Famílias também controlam os
principais jornais brasileiros – como os Frias, donos da Folha de S.Paulo, e os
Mesquita, de O Estado de S. Paulo (ambos entre os cinco maiores jornais do
país). No Rio Grande do Sul, a família Sirotsky é dona do grupo RBS, que
controla o jornal Zero Hora, além de TVs, rádios e outros diários regionais.
Famílias ligadas a políticos
tradicionais estão no comando de grupos de mídia em diferentes regiões, como os
Magalhães, na Bahia, os Sarney, no Maranhão, e os Collor de Mello, em Alagoas.