quinta-feira, 11 de setembro de 2014

OS NOVOS CORONÉIS DA POLÍTICA MINEIRA QUEREM CALAR OS EDUCADORES MINEIROS

OS NOVOS CORONÉIS DA POLÍTICA MINEIRA QUEREM CALAR OS EDUCADORES MINEIROS

Beatriz da Silva Cerqueira
Professora, coordenadora-geral do Sind-UTE/MG

Minas Gerais é realmente um estado de exceções. Por aqui, os poderes da República, que deveriam zelar pelos interesses públicos, zelam pelos interesses do grupo político que comanda o Estado.
            São poucos os promotores de justiça que atuam com autonomia e defendem os interesses da população. O Tribunal de Contas do Estado firmou acordo para que o Governo tivesse um “prazo” para cumprir a Constituição Federal e investir o mínimo de 25% de impostos em educação. Lembrando que a Constituição é de 1988 e o acordo foi firmado em 2012.
            A Assembleia Legislativa, por diversas vezes, abriu mão da sua prerrogativa de legislar e, a cada início de mandato, outorga ao Governador o direito de fazer leis, através das leis delegadas. O escândalo do helicóptero de um deputado estadual e a entrega do Mineirão à iniciativa privada foram ignorados pela Casa.
            O grande investimento de recursos públicos em campanhas publicitárias e uma mão de ferro que acompanham o cotidiano das redações impedem que a imprensa mineira divulgue os problemas que o Estado enfrenta, como também impediu, nos últimos 12 anos, que qualquer crítica à gestão do choque de gestão fosse feita. O aeroporto em Cláudio existe há muito tempo, mas somente em 2014 a situação se tornou pública.
            E mesmo o Brasil sabendo o que acontece por aqui, o atual grupo político que comanda o Estado insiste na política da mordaça. Há anos o Sind-UTE/ MG, Sindicato que representa os trabalhadores em educação da rede estadual, utiliza mídia paga para dialogar com a comunidade escolar. A estratégia é necessária em função do comprometimento da maioria dos donos dos meios de comunicação com o governo, que não veiculam críticas ao Executivo Estadual. E a exemplo do que fizemos em 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013, elaboramos este ano, peças para fazer este diálogo. Por sua vez, a estratégia do Governo do Estado e do seu candidato à sucessão, foi tentar transformar o debate por uma educação pública, que é o que o Sindicato faz, numa agenda eleitoral, nos acusando de propaganda eleitoral negativa. Até o início de setembro foram nove representações contra a entidade. E, para a vergonha dos mineiros, o Tribunal Regional Eleitoral, adotou a tese, concordando com a tentativa de calar a categoria durante as eleições. Como é possível que, no período eleitoral, não se possa questionar, criticar, dizer sobre as condições da escola pública? Querem nos colocar num lugar de invisibilidade, anulando o nosso papel de dizer as reais condições em que se encontram as escolas e seus profissionais. Como fica o debate democrático, se a população é impedida de conhecer a realidade? É isso que o Tribunal Regional Eleitoral quer impor aos educadores mineiros: que fiquemos calados, que não critiquemos, que não demos a nossa opinião. Com essa prática prevalece a velha política do coronelismo: política é coisa para os profissionais, não para o trabalhador.
            Como um candidato que não consegue lidar com a crítica, com o pensamento divergente, quer ser governador? No século XXI é impossível o pensamento hegemônico, o monopólio da fala e das ideias, não cabe mais o monólogo, o controle do pensamento. Isso foi enterrado quando Hitler perdeu a 2ª Guerra Mundial. Não podemos permitir o surgimento de novos tiranos! Por tudo isso e por uma educação de qualidade persistimos!


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